Amanhã, dia 09 de abril, Não Dito completa um ano desde sua criação na rede instagram e, na semana seguinte, um ano da estreia do blog.
Os últimos doze meses não foram fáceis. Foram vários e muito intensos os acontecimentos na família, entre amigos e no mais íntimo do meu ser. Já repassei as cenas e as contas na cabeça, chorei, me desesperei e me vi seca por dentro.
Mas agora, que volto a sentir a vida num ritmo de mar em dia de sol – e não mais em dia de tempestade – só posso dizer, com a boca cheia, que sim, me sinto mais forte, mais viva, mais aqui.
A cada ano, mês e noites que atravesso tenho provas de que não existe felicidade plena nem duradoura, assim como não há tristeza e desesperança que persista. Somos cíclicos, vivemos em fluxos de vai e vem. As dores do último ano não somem, mas cicatrizam. E é nessa mistura da calma e da dor que vejo beleza e motivos para criar.
Meus pés cada vez mais fincados no solo, meu imaginário cada vez mais destro nas suas capacidades de sonhar.
Não sei dizer em que momento o Não Dito foi concebido, só sei que foi bem antes de nascer para um público enxuto. Foram meses gestando a ideia e a vontade de criar um espaço virtual para as minhas inquietações.
De lá para cá, tive mil estratégias e depois não tive mais. Nenhuma posta em prática de verdade porque no final dos dias, o que eu queria era apenas seguir a minha intuição. É o que venho fazendo e sabendo que crescer não tem a ver com métricas somente.
Cresço também aqui, com o Não Dito, como ser humana que sou porque mesmo este projeto sendo pequeno, ele fica se agigantando dentro de mim e por isso me sinto mais confiante em me comunicar por aqui.
Através desse canal que fiz realizações e sublimações, construí sonhos e desfiz raciocínios antes tão enfeitados de certezas. Pedi meu marido em casamento (e nos casamos pela terceira vez), mandei cartas à minha mãe, organizei angústias, falei de lugares, escrevi histórias de outras pessoas, criei outras, imaginadas e por fim, mas não com um fim, falei da maior dor que meu corpo já sentiu e do buraco mais fundo onde ele caiu, o luto.
E também pude conhecer pessoas, ganhar novos leitores e receber o apoio e daqueles que me chamam de escritora desde muito antes de eu mesma tomar posse desse título.
Do Não Dito nasceu o Fio que me proporciona o prazer e o gozo de ouvir gente, escrever sobre gente e estar perto de gente. Deixar que elas me toquem e narrar a meu modo, de fora e como observadora, a vida delas.
E eu que gosto de comemorações e do simbólico nos rituais, não poderia deixar de agradecer a cada um que me lê, me apoia, me acompanha. Uma pequenina tribo, simples, tranquila, sem muita estratégia mas que se forma e persiste por meio da linguagem.
Depois desses tempos em que lidei com um emaranhado de incertezas, agora estou em meio a muitas comemorações e recomeços. Enfim, o coração pulsa cheio de tesão pela vida, pelo que dela posso tirar e o que nela posso deixar.